sábado, 8 de janeiro de 2011

"O Prefeito do Rio não sabe. O Prefeito do Rio não viu".

Em recente entrevista,num programa da Band Rio, o prefeito Eduardo Paes não soube responder quantos abrigos para moradores de rua da nossa Cidade são administrados por ele.
Resolvi pesquisar.
Iniciei no Portal da Prefeitura http://www.rio.rj.gov.br/ e fiz a pergunta "quantos são os abrigos para moradores de rua da atual administração".

A busca trouxe diversas páginas desatualizadas com notícias de jan/2010, todas falando do choque de ordem e do recolhimento dos moradores mas nenhum dos números pedidos.
Na SMAS, belas fotos e propagandas, e a lista nominal: O secretário, 3 subsecretários, 1 chefe de gabinete, 1 coordenadora de mídia e imprensa, 1 ouvidora e 10 coordenadores que administram os pólos espalhados pela cidade, com certeza com outras listas nominais de servidores enganjados no trabalho de pensar e atuar "no combate às consequências geradas pela pobreza como a exclusão social, a garantia de acesso às políticas públicas essenciais para a vida como educação, saúde, cultura, esporte e lazer e habitação, e o desenvolvimento de uma política de inclusão social das camadas mais pobres da população" _ Essas são as diretrizes da Secretaria Municipal de Assistência Social - SMAS, responsável pela política pública de assistência social da cidade do Rio de Janeiro.

E os números que pedi? Não encontrei!
Fui para o Google e mudei a pergunta: " abrigos para moradores de rua na cidade do Rio de Janeiro". Passei mais de 3 horas lendo, site, blogs e artigos jornalísticos. Filtrei, selecionei e transcrevo alguns. Cuidei para que viessem com origem e data.

10/02/09 - 17h24 - Do G1, no Rio.

SMAS faz levantamento para saber quantas vagas deve criar.
De acordo com o secretário de Assistência Social, Fernando William, a secretaria está fazendo um levantamento de quantas vagas serão necessárias criar para abrigar a população de rua.

Todos os 19 abrigos para população de rua da Prefeitura do Rio além dos centros conveniados estão totalmente ocupados. O levantamento, divulgado nesta terça-feira (10), é da Secretaria municipal de Assistência Social informou que, apesar da lotação, houve um aumento no número de vagas nos abrigos em janeiro de 2009. De acordo com a Secretaria, até 2008 havia 1906 vagas. Em 2009, o número aumentou para 2254.

Moradores de rua não aceitam ir para abrigos durante choque de ordem.
Após operações, 70% dos moradores de rua deixam abrigos

“Estamos mapeando diariamente as ruas e levantando o número de pessoas que vivem ali. Além de criarmos novos centros sociais, queremos expandir os abrigos que nós temos. A Secretaria de Assistência Social está integrada com as outras secretarias para fornecer capacitação ao morador do abrigo para que ele crie condições necessárias para sair dali empregado e com possibilidades de se autossustentar” explicou o secretário.

Segundo levantamento da secretaria, cerca de 50 pessoas são acolhidas diariamente, mas a taxa de rejeição chega a 30%. De acordo com o secretário Fernando William, o vício nas drogas é o maior fator de resistência aos abrigos.


23 de fevereiro de 2010 • Agência Brasil
As medidas da prefeitura do Rio de Janeiro para afastar moradores de rua têm criado polêmica entre os especialistas em assistência social da cidade. As principais medidas tomadas pela Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) são a colocação de pedras sob viadutos e armações de ferro em bancos de praças, empecilho para quem pretende se deitar.

Aplaudida por uns e criticada por outros - por não ir à raiz do problema e apenas transferi-lo de endereço - , a iniciativa é a primeira de uma série, promete o município. Nessa segunda, o secretário de Assistência Social, Fernando William, informou que, a partir de março, o número de acolhimentos vai triplicar, pulando de 100 para 300 por dia. A construção de um novo centro de triagem na Ilha do Governador, com ampliação de 80 para 120 vagas, e de mais três abrigos com capacidade para 400 receberá investimento de R$ 26 milhões.

Hoje, o Rio tem cerca de 4.800 pessoas nas ruas e em abrigos municipais, mas só há 2.800 vagas nos 21 abrigos municipais e 19 conveniados. A prefeitura contabiliza, só no ano passado, 7.600 encaminhamentos para abrigos. A maioria dos mendigos voltou às ruas depois de um banho e uma refeição. "Os novos abrigos terão quadras de esportes e capacitação profissional, incentivos para a permanência", explica William.

As medidas antimendigo dividem opiniões. A antropóloga Jaqueline Muniz, das universidades Cândido Mendes e Católica de Brasília, afirma que intervenções urbanísticas isoladas só reforçam a tese de 'cidade partida'. "Têm que vir acompanhadas de um pacote de reeducação social. Do contrário, são medidas violadoras do direito de ir e vir, antipáticas, autoritárias: dão a impressão de que o espaço público é só de alguns", opina.

Agência Brasil
País | terça-feira, 28 de dezembro de 2010 - 20h08
Moradores de rua do Rio terão cursos em abrigos para aprender uma profissão

Prefeitura municipal pretende aumentar para 4 mil o número de locais de acolhimento.

Rio de Janeiro - A profissionalização da população de rua como forma de garantir a chamada "porta de saída" da miséria a essas pessoas é o que pretende a prefeitura carioca com a expansão das vagas nos abrigos públicos do município. A iniciativa foi divulgada nesta terça-feira pelo secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, que pretende aumentar a quantidade de abrigos de 3,2 mil para 4 mil.

Bethlem também vai instalar nesses locais centros de ensino profissionalizante, com previsão de início no primeiro trimestre de 2011. Os cursos terão ênfase nos setores da construção civil e do turismo, dois segmentos que vêm demandando um número crescente de postos de trabalho. Ao fim do curso, os alunos receberão um diploma.

"Queremos transformar esses abrigos em um espaço de reinserção social das pessoas que, por algum motivo, foram parar nas ruas. Temos que trabalhar principalmente a capacitação profissional e tentar inseri-las novamente no mercado de trabalho. Os abrigos não podem continuar a ser um depósito de gente sem ter as portas de saída", afirmou.

Para a prefeitura carioca, a linha da miséria é definida por quem ganha menos de US$ 1 por dia, cerca de R$ 1,70. Atualmente existem 25 abrigos públicos na cidade. O número exato de moradores de rua no país não é conhecido, mas informações do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), com base na Pesquisa Nacional sobre População de Rua, indicam cerca de 45 mil pessoas, incluindo dados levantados em censos paralelos feitos por prefeituras.

Portal da Prefeitura - SMAS (estava sem data, a foto é do secretário Betlhem )
A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS), em parceria com a Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (VOT), promoveu na manhã desta segunda-feira, dia 20, a entrega dos certificados de capacitação profissional a 16 pessoas que vivem em situação de rua, acomodadas em abrigos da Rede de Proteção Social do município. Na cerimônia de conclusão dos cursos, realizada no auditório da instituição, na Praça Mauá, o secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem, exaltou a importância das parcerias entre os setores público e privado. Em seu discurso, Rodrigo Bethlem também anunciou a criação de um centro de capacitação profissional na unidade de acolhimento de Paciência, na Zona Oeste da cidade.

Além da marcenaria e do curso de cabeleireiro e barbeiros, os participantes foram capacitados nas áreas de corte e costura, manicure e pedicure e panificação. As aulas aconteceram durante três meses, com uma carga horária de 120 horas, no Centro Comunitário da Venerável Ordem Terceira.

Quantos abrigos? Ninguém sabe...
Pelos números divulgados existem 25 abrigos e 19 conveniados? Oferecem 4000 vagas, mas em que condições? 30% rejeitam os abrigos, 70% retornam as ruas? Qual o número de retirados das ruas efetivamente?

Acolhimento no Rio chega a 300 pessoas por dia? Isso eu não acredito!

Ontem, 07/01/11 no Largo de São Francisco, Centro do Rio. Local onde diversos moradores buscam abrigo e apoio de grupos que oferecem assistência alimentar, por volta das 00:40 uma kombi com logo da Prefeitura do Rio e funcionários que deveriam ser responsáveis pelo acolhimento e posterior encaminhamento aos abrigos. Surgiu na praça com portas abertas, sirene ligada, dando voltas e fazendo com que pessoas já ameaçadas e humilhadas pela situação em que vivem, fugissem desesperadas. Jovens mulheres com crianças pequenas, filhos das ruas. Adultos doentes e debilitados pela miséria da vida.

O Medo em seus olhos é indescritível. Medo de gente...
Medo do governo que deveria dar amparo, auxílio.
Medo de quem deveria dar assistência, que deveria ensinar a sonhar.
Mas se apresenta semeando o pavor.